Design Sprint: o que é, como fazer e qual a importância para as empresas?

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Conceitos
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O Design Sprint é um método dividido em etapas que são aplicadas em cinco dias e cujo objetivo é desenvolver soluções para questões corporativas por meio do design, prototipagem e validação com clientes. Ou seja, com desperdício mínimo de tempo e orçamento. 

O desenvolvimento dessa metodologia se deu a partir da percepção de duas frentes que cresciam bastante dentro da corporação da então, Google Ventures: a cultura UX, centrada na experiência do usuário, e as lideranças de design. 

A metodologia do Design Sprint é importante para todas as empresas que possuem problemas definidos, com baixa ou média complexidade que desejam reduzir o processo de prototipação e tangibilização de uma ideia (que duraria meses), a uma semana de muita inovação e produtividade. 

Mas afinal, quando e como ele pode ser aplicado? Quais empresas podem usar? Quais são as etapas do Design Sprint? A seguir, descubra essas e outras respostas! 

Para que serve o Design Sprint?

As práticas do Design Sprint permitem que a equipe obtenha dados e feedbacks para lapidação de um projeto, antes que a companhia se comprometa com o desenvolvimento dele. 

O princípio é muito parecido com o lançamento de um MVP (Produto Mínimo Viável), mas o Design Sprint é ainda mais ágil, capaz de poupar ainda mais tempo e dinheiro

Por meio dele, o time tem a oportunidade de reunir inúmeras possibilidades e testar ideias até chegar na que se mostrou mais estratégica. Esse caminho até a avaliação da ideia prototipada é uma espécie de atalho, conforme ilustra a imagem abaixo.   

O sprint oferece ao time um caminho mais curto até a etapa de aprendizado.

Fonte: https://www.gv.com/sprint/ – Google Venture. 


Assim, além de proporcionar uma tomada de decisão mais ágil e econômica, o método reduz imensamente os riscos dessas decisões, uma vez que ao longo do Sprint a equipe consegue diagnosticar possíveis problemas e dores do público que logo podem ser resolvidos. 

Mas atenção: o Design Sprint não substitui o conhecimento sobre o “cliente ideal”, ou seja, é fundamental ter uma noção da persona para iniciar o sprint e construção do protótipo. Caso sua empresa não tenha isso, vale a pena investir na criação de personas e outras pesquisas para realizar outros tipos de projetos e ter essas informações para quando forem necessárias.

Design sprint na prática

O Design Sprint é uma de várias metodologias importantes que se baseiam nos pilares do Design para estruturar a estratégia de um negócio. 

Na prática, é fundamental que uma pessoa especializada nessa metodologia conduza sua aplicação. Assim, ela saberá identificar com clareza o momento atual do negócio e definir os objetivos junto a empresa.

Você até pode encontrar cursos e pessoas especializadas que se dedicam a formar facilitadores, ou seja, pessoas que saberão aplicar a metodologia com a sua própria equipe. 

Essa é uma opção para empresas que desejam usar o Design Sprint com certa periodicidade. Porém, não é uma solução rápida e você ainda corre o risco da aplicação não ser a ideal.  

“E então, você se pergunta: quando, como e quem deve fazer uso do Design Sprint?” 

A gente te responde. 

Quando fazer um Design Sprint?

Já falamos sobre como essa metodologia é ótima para a validação de ideias com agilidade e assertividade. Dessa forma, sua aplicação é recomendada sempre que uma empresa: 

  1. Busca conquistar novos mercados: o Sprint vai mapear qual aspecto desse projeto é crucial e como ele pode ser discutido e validado pelos clientes; 
  2. Deseja superar um obstáculo específico: um problema que surge durante o desenvolvimento de um projeto pode ser o foco do Design Sprint. Por exemplo, uma falha no chat do software comercializado pela empresa; 
  3. Quer lançar um novo produto ou serviço: nada mais interessante que avaliar a reação do público diante de uma novidade lançada. O Sprint faz isso de maneira estruturada e focada; 
  4. Precisa definir novas estratégias de inovação (sprint de inovação): esse tipo de Sprint é focado na identificação de oportunidades e desenvolvimento de novas soluções, produtos e serviços; 
  5. Quer promover mais integração entre os times: a natureza do método é colaborativa. Desse modo, até mesmo enquanto a equipe está tentando encontrar uma solução para integrar mais os times, a integração já pode ser percebida entre os participantes do Sprint. 

O Sprint é feito antes do negócio investir muito tempo e dinheiro em um projeto que ainda precisa ter ideias melhor maturadas. 

Além disso, o fato dele ocorrer em apenas cinco dias, faz com que seja usado para solucionar questões que não pedem por uma grande mudança na empresa. Isso porque determinadas situações simplesmente exigem mais pesquisas, diagnósticos aprofundados e, logicamente, tempo para serem resolvidas. 

Portanto, o Sprint é um método prático que busca alcançar um objetivo específico. Mas, depois de aplicado, outras informações resultantes do processo podem ser aprofundadas. 

Quem participa de um sprint? 

Cocriação e multidisciplinaridade são pontos muito valiosos desse momento, afinal, o Design Sprint é uma ferramenta colaborativa estruturada para que os times conquistem resultados relevantes. 

Dito isso, os encontros devem contar com contribuições de diferentes vozes e know-hows: ao menos um designer, gerente de produto, stakeholders (CEO, responsável pela ideia, cliente final), um especialista no consumidor (alguém que conheça as necessidades dos clientes), alguém de um cargo mais técnico, como um desenvolvedor

Tendo essas pessoas por perto, conseguimos mapear os pontos mais críticos e trabalhar em cima deles com a certeza de que estamos solucionando o problema certo.

É altamente recomendável a presença de alguém (interno ou externo) para mediar e facilitar a discussão e os exercícios.

design sprint

Quais as etapas do Design Sprint? Como fazer?

O modelo padrão da metodologia criada por Jake Knapp considera cinco dias de imersão, uma semana de segunda a sexta com a agenda totalmente dedicada a esse momento. 

Que tal compreendermos juntos a aplicação do método com um exemplo? Vamos lá! 

Considere um hospital particular que possui determinada integração no atendimento oferecido via WhatsApp. Basicamente, a conversa com qualquer paciente pode ser visualizada por diferentes setores de atendimento para facilitar a comunicação. 

No entanto, eles estão recebendo muitas reclamações e o que era para facilitar, parece ter piorado a satisfação dos usuários. O que está acontecendo? O que fazer para melhorar? 

Durante uma semana de dias úteis, o Design Sprint propõe cinco grandes etapas

1. Entender

É hora de mapear e entender qual problema ou necessidade o time vai trabalhar para resolver! É importante ter clareza sobre o contexto e os objetivos. Enxergar o panorama e elencar todas as informações a respeito das expectativas, problemas a serem resolvidos, oportunidades, obstáculos, necessidades, etc. 

Vale a pena instigar todos os membros a falar sobre o que sabem sobre o problema a ser dissecado. Cada um deles terá uma visão por pertencerem a setores diferentes. 

Outro ponto importante aqui é entender o que o cliente espera que seja entregue no final do Design Sprint, tornando este objetivo claro e mensurável. Muita pesquisa e foco! 

No nosso exemplo, foi identificada a falha de um serviço, pois o paciente não sabia quando era encaminhado de um setor para outro, o que tornava a comunicação via texto bastante confusa. Assim, o que se espera é que isso seja solucionado e o índice de satisfação com o atendimento via WhatsApp aumente.

2. Divergir

Agora vem a fase de ideação. A partir da definição do problema, o próximo passo é começar a esboçar soluções

O objetivo é deixar as ideias fluírem sem restrições e, depois, organizá-las com a ajuda de algumas ferramentas como a técnica Crazy 8s: oito ideias em oito minutos. Assim, cada membro compartilha suas anotações e impressões para que todos consigam visualizar e categorizar melhor as ideias.

Ah! Essa fase é uma espécie de brainstorming, mas ressaltamos uma diferenciação que o próprio Jake Knapp fez: em um brainstorming as ideias são mais rasas e coletivas, e as chances de serem realmente prototipadas são menores. Já no sprint, cada pessoa dedica mais tempo à estruturação de sua solução, que aparece com mais fundamento e chances de execução.

O grupo de sprint do hospital lançou diversas ideias (o que envolveu até os desenvolvedores, já que no início da conversa por WhatsApp, a pessoa interage com um bot).

3. Decidir

Chegou a hora de decidir a solução que será prototipada e testada! Essa é uma das etapas mais sensíveis. Qual solução traz mais valor ao usuário? Qual é a mais viável? 

É importante ter em mente que não dá para ficar discutindo todos os detalhes de cada ideia. Foco no objetivo que se quer alcançar, no valor a longo prazo e na viabilidade conforme o tempo que se tem. 

Os membros votam então na melhor solução e assim a escolha é feita. O facilitador pode recorrer a ferramentas que orientam os votos e a decisão, como a Dot Voting (votação por pontos que utiliza adesivos ou caneta marcadora).

No nosso exemplo, uma solução composta por: alteração em um comando do bot + inclusão de um comportamento/frase do atendente ao paciente na transição entre cada setor foi a solução escolhida para ser prototipada.

4. Prototipar

Mãos à obra para construir, online ou fisicamente, os protótipos da solução. Eles são as ferramentas que permitem testar e avaliar o projeto junto ao seu cliente ou usuário final.

Vale a pena destacar que o protótipo não precisa ser uma solução pronta, refinada. Afinal, tudo é feito em apenas um dia! O objetivo é ter uma representação em que se possa identificar a solução e avaliá-la. Nesse caso, é importante que o usuário consiga fazer isso. 

O grupo do sprint do hospital passou a trabalhar junto. Elaborar a frase e modo de atendimento nas transições entre os setores, bem como no comando do bot (programação).

5. Validar e aprender

A última fase é o momento de executar os testes com os clientes. Registre, pergunte e observe tudo a respeito da experiência. É assim que entendemos o que precisa melhorar. Depois de uma semana de dedicação intensa, as respostas surgem para que a equipe tenha clareza sobre a assertividade do projeto e como prosseguir. 

Novamente, o sprint não encerra uma solução, ele abre margem para que novas melhorias sejam adicionadas e questões sejam aprofundadas. Só que agora, com muito mais segurança por haver uma validação. 

No nosso exemplo, a solução surtiu um efeito surpreendente, pois os pacientes relataram melhora significativa na compreensão do atendimento. Além disso, foi identificada outra questão que deverá ser aprofundada em um projeto mais robusto de Design de Serviço.

Cronograma

Dia 1 (Segunda-feira) – Entender o problema. 
Dia 2 (Terça-feira) – Lançar ideias de soluções, fazer anotações sobre. 
Dia 3 (Quarta-feira) – Decidir qual solução será testada. 
Dia 4 (Quinta-feira) – Criar o protótipo, desenvolver a solução.
Dia 5 (Sexta-feira) – Testar o protótipo, avaliar e aprender com a recepção dos usuários. 

Ferramentas necessárias

  • Papel (blocos de anotações, post-its, folhas de rascunho, etc.); 
  • Caneta esferográfica (de preferência, com cores diversas para destacar alguma ideia durante a dinâmica da Sprint), lápis de cor, marca-textos; 
  • Lousa física para desenhar ideias, escrever frases ou até um cavalete flip chart que também servirá para colar os post-its; 
  • Foco total (isso pode significar limitar o uso do celular pessoal durante as reuniões, apenas para evitar que os participantes se distraiam).  

Por fim, é indicado ter a mente aberta e disposta a acolher o famoso “Tempestade de ideias”, que acontece principalmente no primeiro e segundo dia. Também vale lembrar que é possível adaptar as dinâmicas para reuniões online, com diferentes salas e ferramentas virtuais. 

Para conferir mais exemplos de aplicação do Design Sprint, você pode assistir a um vídeo que traz um resumo animado do livro de Jake Knapp, “Sprint: o método usado no Google para testar e aplicar novas ideias em apenas cinco dias” (2017). 

Qual é a diferença entre Design Thinking e Design Sprint?

A diferença entre Design Thinking e Design Sprint está na especificidade de cada um. Pois ambos possuem etapas em comum, como: o mapeamento do problema, a busca por soluções (lançamento de ideias), a prototipagem. 

Porém, o Design Thinking, como o próprio nome diz, é um “pensamento de design”, ou seja, uma forma de pensar e enxergar as possibilidades de solução diante de um problema. Ele é aplicado diante de problemas complexos, quando a empresa exige uma grande mudança e leva mais tempo para apresentar a solução. 

Já o Design Sprint é um método com cinco etapas que são aplicadas em cinco dias. O objetivo é o mesmo do Design Thinking, ou seja, encontrar uma solução diante de um problema. Contudo, de maneira mais pontual, os problemas que tenta resolver são menos complexos e não vão provocar uma enorme mudança no negócio.  

Portanto, podemos dizer que o Design Sprint faz parte do Design Thinking, pois é uma das ferramentas usadas por ele para encontrar soluções de forma mais ágil.

Vantagens específicas do Design Sprint

  • Agilidade, economia e precisão; 
  • Identifica e valida soluções em menos tempo; 
  • Estimula uma cultura inovadora na empresa; 
  • Proporciona conhecimento de feedbacks diretos dos usuários (enriquecimento de informações sobre suas necessidades); 
  • É um processo de validação com menos riscos e requer menor investimento financeiro; 
  • Traz mais eficiência para os colaboradores, que trabalham focados em um projeto. 
  • Quebra de silos organizacionais e impasses entre as equipes, ao reunir pessoas de diferentes setores.

Design Sprint: exemplo de aplicação em empresas 

O Design Sprint é uma das ferramentas usadas pela HOMA – Design de Serviço e foi o método escolhido para ajudar o Grupo Solvay. Confira um resumo desse exemplo real de sucesso! 

Desafio: ”Desenvolver e escalar uma solução inovadora, escalável e replicável que realize a ponte entre empresas e público-alvo”.  

Etapas: antes da aplicação do Design Sprint puro e simples (que agora você já conhece), a HOMA identificou a necessidade de sensibilizar, criar empatia com os envolvidos no projeto. Além de investir no relacionamento com clientes e reforçar a marca junto ao público.

Resultados: idealização e validação – internamente e com o público final – de uma proposta de produto inovador no segmento de transição capilar para a Natura. 

Confira o case completo do Grupo Solvay e saiba como a HOMA, por meio do Design Sprint e da cocriação junto aos stakeholders, ajudou uma empresa tradicional a superar barreiras e inovar.




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Maria Fernanda Belatto

Mestranda em Innovation Management, Entrepreneurship and Sustainability na Technische Universität Berlin. Especialista em Gestão de Pessoas com certificação em Service Design pela Livework e em Product Strategy pela Kellogg School of Management. Administradora de empresas graduada pela Universidade Estadual de Santa Catarina e École Supérieure de Commerce Clermont.

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